Encarando as próprias dificuldades


Muitas vezes nos escondemos, fugimos, corremos para longe de situações que insistem em permanecer em nosso calcanhar. Sentimos aquele enjoo, desespero ao lembrar-se de uma questão mal resolvida ou que nem tentamos resolver. Mas será que fugir é o melhor negócio?

Confesso a vocês meus leitores queridos que, por muitos anos eu fugi de várias situações que pudessem me fazer ver realmente de frente as coisas nuas e cruas que eu nunca quis encarar. Mas chegou um ponto em que tudo se tornou insustentável, amargo e terrivelmente ameaçador e enfrentar a situação tornou-se a única saída.

Aprender a andar com as próprias pernas e a criar uma estrutura emocional e física foi dois dos vários quesitos dos quais sempre tive dificuldade. Sempre precisei de uma escora física e emocional para que eu pudesse me sentir seguro, adulto, estável. De repente me vi em uma situação em que por mais suporte que eu tivesse, eu (e só eu!) precisava correr atrás de tudo, mas tudo mesmo (casa, trabalho, dinheiro...) e sem escoras físicas e principalmente sem as escoras emocionais para sustentar meus caprichos mundanos de carência.

Ver-me sozinho, sem ter alguém ao meu lado que pudesse me consolar ou simplesmente passar a mão na minha cabeça no fim de um dia difícil foi, em primeira instância, a morte. Olhar-me no espelho e encarar o meu próprio olhar, sentindo a verdade na expressão deles mesmo querendo esconder de mim mesmo que eu poderia ser forte e que, estar sozinho era a melhor saída era desestabilizador e as minhas pernas ficavam bambas. O choro tomava conta de mim no fim de tudo, sentindo-me uma criança abandonada.

Andando nas ruas da cidade eu olho para as pessoas em seus passos apressados, olho para seus olhos e fico me perguntando e pensando em como os outros encaram esses medos desconcertantes que carregamos como um fruto de ações passadas. E assistindo aos meus pensamentos em relação aos outros eu fico ainda mais triste ao perceber que todos nós carregamos uma carga tão pesada desses medos e o pior, que não temos ferramentas para lidar com tudo isso com um pouco de sabedoria sensata.

Por mais doloroso que o processo seja, eu confesso que tem sido a melhor forma para eu aprender a lidar com meu próprio amadurecimento, para meu próprio fortalecimento. Minhas escolhas acabaram tornando-se cada vez mais claras e meu senso prático mais aguçado.

As pedras e os percalços continuam surgindo, momento a momento, e não são fáceis. Sei que terei que encará-los um a um, engolindo um sapo por dia enquanto encaro meu olhar no espelho ao lavar as lágrimas de mais uma dificuldade aparente. Mas sei que é para uma boa causa.

Para meu próprio crescimento.

Tsering!

3 comentários:

Ana Carmen disse...

Que bom que não sou só eu! Que bom que não é só você! Que bom que crescemos!

Lucas Pont (Padma Palden) disse...

Gostei de ver Tsering...muito legal o seu texto! Acredite, falo por experiência própria...encarar suas dificuldades pode não ser o caminho mais fácil, mas é sem sombra de dúvida o mais recompensador!
Forte abraço,
no Dharma,

Lucas

Alex Gonçalves disse...

Olá querido,

Todas as dificuldades nos fortalece, por mais duras que elas sejam. Não sei se isto poderá te reconfortar, mas estamos todos no mesmo "barco", cada qual a enfrentar os fantasmas, dramas, inseguranças e incertezas.
Entretanto, encarar de frente é a única saída para o crescimento. E você com sua inteligência, bondade e determinação superará todas as intempéries...saudades! abs